O TROVADOR

Em meio acordes, tons e semitons, nasceu um jovem de riso fácil, trazendo em sua bagagem o dom especial, a musical. Em pouco tempo tornara-se o violonista mais requisitado da cidade. No ano seguinte, recebeu um inesquecível presente. Era um violão da marca “Del Vecchio”, um belo instrumento diga se de passagem, um violão conhecido popularmente como “Del Vecchio de cinco bocas”. As noites da cidade ganhavam um tom melódico, os românticos, os apaixonados e aqueles que sofriam seus desenganos amorosos, ganharam um motivo a mais para acalentar seus sofrimentos. Nas noites enluaradas, amigos juntavam-se na praça e saiam pelas ruas da cidade, cantado e embalando o sono das pobres donzelas que suspiravam entre os sonhos e desejos de encontra seu príncipe encantado. Um belo dia uma mocinha não tão inocente, ao ouvi-lo apaixona-se perdidamente, e o "Del Vecchio" só descobriu essa paixão quando a mesma se revela em um bilhetinho entregue em mãos através de uma amiga que dizia: (uma corda uma canção pra encher meu coração. Quero você!). Não deu outra, o "Del Vecchio" foi fisgado pelos encantos daquela bela moça. 


Um ano depois estavam casados. Mal sabia ele, que a felicidade tinha dia e hora marcada enquanto sua fama crescia. Em batizados, casamentos, aniversários e até mesmo em missa de sétimo dia, só acontecia se ele “o Del Vecchio” presente estivesse e sua companheiro que tocar e nem cantava sabia, ficava em casa. Para não ficar entediada debruçava-se na janela para ver a rua e em uma tarde de domingo passava em sua frente pisado com a maciez que lhe é peculiar o “pé de pano” e nota que aquela jovem debruçada na janela estava vulnerável e não perdeu tempo, deu um tiro certeiro em seu coração. E agora o que fazer? As noites costumeiramente solitárias da mocinha eram preenchidas pelos carinhos do pé de pano que marcava colado, era um oponente difícil de ser vencido, de violão ele não sabia nada, mas de tocas aquele corpinho com curvas que ao um violão se assemelhavam, ele era profissional, afinal ele é o “pé de pano” que não faz nada e faz tudo, principalmente quando o assunto é fura o olho de algum amigo desavisado. O "Del Vecchio" sente que seu tom não é recebido como outrora e que o vibrar de suas cordas não causa a mesma alforria do passado. O “pé de pano” é presente e não troca a nota, por mais que o "Del Vecchio" tente mudar de nota o “pé de pano” mantém a harmonia. 

O violonista manda o “Del Vecchio” para uma reforma e apela para um novo instrumento com o dobro de suas cordas “o Bandolim” e mesmo assim não chama a atenção da mocinha, o Bandolim tenta os mais altos e melódicos tons, semitons, e acordes, tocando valsas, fados e clássicos, apela até pra “Jacó” mesmo assim nada muda, cada dia que passava o “pé de pano” torna-se mais próximo, para piora a situação o “pé de pano” aparece com um cavaquinho, na realidade não era o tamanho do instrumento que contava e sim o tempo que as cordas suportavam as vibrações sem quebrar. Tudo indica que a durabilidade das cordas, tanto do "Del Vecchio" quanto do Bandolim era baixa. E o tempo passou o pé de pano sentou em uma cadeira e viu o passar o tempo, o “Del Vecchio” nunca mais retornou da reforma e a ferrugem tomou conta das cordas do “Bandolim” e cada dia que passa o violonista toca menos ou quase nada. E a mocinha? A mocinha, só Deus sabe.
Autor: M.M
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